O que muda?

Antes de explicar as mudanças, você precisa entender como funcionava o processo de seleção do filme brasileiro enviado para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (EUA). Até a última edição da premiação, em que o filme Deserto Particular foi eleito como representante do país no Oscar, essa escolha era definida em apenas uma única reunião com todos os membros da comissão. Segundo o crítico e membro da Academia Brasileira de Cinema, Waldemar Dalenogare, esse formato, comum nos anos 1990, têm problemas estruturais consideráveis, sendo os principais:

O selecionado brasileiro era enviado tardiamente à Academia dos EUA, o que deixava um tempo hábil mínimo para que a campanha internacional do filme fosse convincente para entrar na pré-lista (composto por 25 filmes de língua estrangeira com chances de indicação em todas as categorias);Embora a Academia brasileira seja composta por um número considerável de membros, a comissão de seleção não — o número não foi revelado —, trazendo pouca diversidade e debate durante esse processo de seleção.

Reformulação

Apontados os problemas acima relatados por Dalenogare, ele e outros membros da Academia brasileira criaram um grupo interno de estudos em dezembro de 2021 para que a comissão do Oscar no Brasil não repetisse os mesmos erros dos últimos anos e que o representante do país tivesse mais chances de, pelo menos, ser selecionado na pré-lista da principal premiação do cinema mundial.

Maiores chances de prêmio?

Em termos de comparação, essas mudanças se aproximam de modelos como do cinema da Coreia do Sul e do Japão; ambos os países têm se destacado nos últimos anos na premiação com títulos como Parasita e Drive My Car. A proposta da comissão é evitar escolhas “marcadas” e isso poderá até mesmo pressionar a Agência Nacional do Cinema (Ancine) para que casos de atrasos na distribuição de longas com potenciais não aconteçam, como Marighella e os premiados longas de Kleber Mendonça Filho Bacurau e Aquarius — ambos sequer foram escolhidos como representantes do país no ano em que foram lançados, mesmo com destaque internacional.

Brasil no Oscar

O Brasil já conseguiu nomeações com sete longas: O Pagador De Promessas, O Quatrilho, O Que É Isso Companheiro?, Central Do Brasil, Eu Tu Eles, Abril Despedaçado e Cidade De Deus. Esse último filme, além de Melhor Filme Estrangeiro, ainda foi indicado em outras quatro categorias e é o filme brasileiro de melhor desempenho no Oscar. Apesar disso, continuamos sem uma estatueta. Veja também: Quer saber mais sobre o Oscar? Confira nosso artigo em que explicamos cada uma das categorias da maior premiação do cinema mundial; Fontes: Academia Brasileira de Cinema | Delanogare

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