Anualmente, em 20 de julho, comemora-se oficialmente o Dia do Amigo e Internacional da Amizade. Contudo, existem várias datas no Brasil que celebram a amizade: 18 de abril e 30 de julho. Talvez você nem saiba, mas a ciência tem muito a nos dizer sobre como fazer amigos, além de como manter, a sua real importância e quais os riscos de não possuir “confidentes”. Cientistas sociais utilizaram diversos mecanismos para analisar o tamanho das redes sociais. Chegou-se à conclusão de que elas podem variar entre 250 e 5.500 pessoas. A tese “Acquaintances and contacts of Franklin Roosevelt”, de 1960, (Conhecimento e Contatos de Franklin Roosevelt, em tradução livre) revelou que esse cara amigável e sociável poderia ter tido até 22.500 conhecidos. Não é à toa que Roosevelt foi um dos presidentes mais populares dos Estados Unidos. O estudo foi elaborado pelo MIT — Massachusetts Institute of Technology. O estudo científico O Isolamento social na América (2006) apontou que o norte-americano confia em apenas 10 a 20 pessoas. Todavia, esse número pode estar caindo. Entre os anos de 1985 a 2004, o número médio de amigos nos Estados Unidos caiu de três para dois. Os cientistas enxergam essa queda com preocupação, visto que aquelas pessoas com relações sociais fortalecidas tendem a viver mais.

E no Brasil?

Pesquisas têm mostrado quedas generalizadas na confiança. As pessoas estão deixando de confiar umas nas outras e até mesmo nas instituições democráticas. Consequentemente, quando isso acontece, a democracia também se torna enfraquecida. No Brasil, apenas 7% dos indivíduos confiam nos outros, segundo o Instituto Latinobarômetro. Para se ter uma ideia, 37% acreditam que apenas amigos e familiares são confiáveis; 46% dizem não acreditar na maioria das pessoas.

Como fazer amigos, segundo a ciência

A ciência dá uma aula de como fazer amigos e muitos estudos científicos sobre amizade são assertivos em dizer sobre a importância dessas relações. Eric Barker, autor do livro “Barking up the wrong tree: The surprising science behind why everything you know about success is (mostly) wrong” diz que “A amizade é extremamente poderosa para melhorar os níveis de felicidade de alguém”. O sociólogo Nicholas Christakis confirma a frase de Eric Barker. Em sua pesquisa, ele mostrou que as relações de amizade são responsáveis, em primeiro lugar, pela felicidade na vida de cada pessoa. Logo, podemos concluir: essa fraternidade existente entre pessoas influencia, e muito, na felicidade. Mas, para o ser humano construir amizades não é uma tarefa tão simples assim. Outros estudos científicos sobre amizade confirmam isso. São necessárias 50 horas de socialização para que um indivíduo deixe de ser “conhecido” para se tornar efetivamente um amigo; para ser um amigo “real”, precisamos de mais 40 horas; e 200 horas para se tornar grande amigo — Eleven e Max de, Stranger Things, vão se identificar com esses dados. A análise foi feita no estudo “Quantas horas leva para fazer um amigo?”, da Universidade de Kansas, EUA. Como dito anteriormente, a ciência é detentora de incríveis dicas de como fazer amigos. A primeira delas é sobre reviver laços sociais latentes. Sabe aquele velho amigo que você não tem mais contato? Um estudo científico mostrou que, quando uma pessoa se reconecta nessa amizade “perdida”, a confiança entre vocês pode ser ativada como antigamente. Além disso, novidades sobre a vida nesse meio tempo podem surgir ao longo do reencontro. Sabe por quê a Dinamarca é um dos países mais felizes do mundo? O motivo para isso é que cerca de 92% dos dinamarqueses fazem parte de grupos sociais. Ou seja, são pessoas que se organizam em torno de hobbies. Tem aqueles que se juntam para praticar esportes, debater sobre tecnologia, fotografar pela cidade ou visitar lugares culturais. Eric Barker sugere a você buscar por essas comunidades. Comece convidando para tomar um café, ou quem sabe um almoço? Essa prática é muito comum entre usuários do LinkedIn. Outras pesquisas indicam: as semelhanças conectam as pessoas, como indivíduos com nomes iguais. Fazer amigos no trabalho é outro ponto certeiro. Vocês já passam tanto tempo juntos que, consequentemente, fica mais fácil criar relações no ambiente corporativo. E a ciência tem uma dica um tanto inusitada: segundo um estudo científico da Massachusetts Institute of Technology e divulgado na CNN, funcionários que sentam em mesas grandes no refeitório são considerados “populares”, e nesse grupo pode nascer grandes amizades. Foi constatado que os colaboradores em mesas pequenas, porém, tinham redes menores e baixa oportunidade de interação. E como manter as amizades? De acordo com estudos da Arizona State University, o motivo mais comum para conflito entre amigos está relacionado à falta de tempo para os compromissos. Em vista disso, o estudo científico, desenvolvido pela University of Notre Dame, defende: caso queira manter sua amizade com uma pessoa, entre em contato com ela pelo menos duas vezes por semana. A última dica da ciência sobre como fazer amigos é meio que um tiro no escuro. Se algo falhar, os cientistas recomendam começar a “confiar” em outras pessoas aleatoriamente. Sim. Isso não é comum nos dias de hoje. No entanto, algo surpreendente pode acontecer, pois uma verdadeira amizade pode vir daí.

O poder de ter amigos

Desde 1937, a Universidade de Harvard desenvolve a maior pesquisa sobre a saúde humana. Ela é baseada na pergunta: “o que faz uma pessoa ser saudável?” A resposta é impressionante, dado que a fonte que mais influencia na saúde de um ser é justamente a amizade. O fato de ter amigos desbanca, nesse estudo, o dinheiro e a alimentação. Já a Brigham Young University descobriu que não ter amigos equivale a fumar 15 cigarros por dia. Há estudos científicos que comprovam: ter amigos protege o sistema cardiovascular. Isso acontece porque ter confidentes para compartilhar alegrias e tristezas libera os hormônios da felicidade: ocitocina e dopamina — neurotransmissores relacionados ao bem-estar, vínculos e relaxamento. Eles diminuem o nível de adrenalina e reduz o estresse. Além de prevenir doenças, pesquisas ainda revelam aumento da expectativa de vida em mais 10 anos para pessoas com fortes laços de amizade. Aqueles com mais de 70 anos têm grandes chances de chegarem aos 80 caso as relações sejam mantidas. Por incrível que pareça, isso pode não funcionar quando o contato é com algum familiar.

A amizade em tempos digitais e tecnológicos

A tecnologia atrapalha as nossas relações e causa afastamento? Para o senso comum, sim. Mas pesquisadores da Universidade de Toronto descobriram que, com o advento das redes sociais, o número médio de amizades cresceu. Os heavy users da internet foram os que mais conquistaram novos parceiros fora das telas. Apesar de estarmos vivendo a era da Inteligência Artificial, estudos confirmam que interagir com outros indivíduos é o que mais fazemos na internet. Graças a tecnologia, ficou mais fácil e rápido manter contato com seus amigos, bem como conhecer novas pessoas. Especialistas analisaram as redes sociais e foi identificado que elas podem influenciar as nossas interações. Algumas delas te obriga a enviar convite para assim iniciar uma conversa. O Facebook, que concentra 2,6 bilhões de usuários, é uma plataforma capaz de gerar limitações para relacionamento entre pessoas. Para “criar” amizades na rede de Mark Zuckerberg, você precisa utilizar o botão para solicitar amizade, enviar mensagem, ou “cutucar”. Enquanto isso, o Twitter facilita essa comunicação. Nele, você pode seguir qualquer usuário, exceto contas protegidas. Portanto, fica mais fácil encontrar pessoas com os mesmos interesses que o seu, e a partir daí criar verdadeiros laços sem ser tão “invasivo” devido à plataforma. Cientistas vêm analisando o nosso comportamento perante as mídias digitais. Um estudo da Universidade da Califórnia mostrou que há efeitos em nosso organismo quando usamos os sites sociais. Eles conseguiram constatar que tweetar diminui o nível de ACTH e cortisol, hormônios associados ao estresse. Para os pesquisadores, o cérebro pode estar desenvolvendo uma nova forma de interpretar as publicações do Twitter, ou seja, é provável que ele esteja entendendo que essa rede social concentra grandes amigos. Embora seja surpreendente, ainda é muito cedo para dizer que o cérebro consiga armazenar tantos amigos virtuais. A internet também causa a banalização da amizade. Atualmente é comum uma pessoa sair aceitando todos os convites que recebe nas redes sociais. E o sociólogo Nicholas Christakis, que estuda sobre assunto, nos lembra daquele ponto que apresentamos no início deste artigo: pessoas que você está aceitando o convite são seus amigos de verdade? É sempre bom destacar que especialistas em relacionamento humano e cientistas sociais são unânimes em dizer que precisamos estar próximos dos amigos e ter contato diariamente — sem computador e smartphones —, e assim teremos todos os benefícios da amizade profunda. O cérebro pode estar mudando. Talvez você nem concorde com todas as afirmações dos estudos científicos sobre como fazer amigos. Não importa se você tem poucos ou muitos aliados, a ciência só atesta a importância de valorizar a amizade e ela nos ensina e prova o que Christopher McCandless, do livro/filme Into the Wild, escreveu: “A felicidade só é real quando é compartilhada”. Fonte: The Atlantic

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