Jogador Nº 1 (Ready Player One, no original), é um filme de ação e ficção científica dirigido por Steven Spielberg. Sim, o famoso diretor que ficou conhecido nas décadas de 80 e 90 por filmes como E.T. O extraterrestre e Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros. O longa é baseado na obra literária de mesmo nome escrita por Ernest Cline em 2011.

Só por aí já temos uma relação quase poética na construção deste filme. Isso porque a obra de Cline homeageia diversos elementos da cultura pop das décadas de 1980 e 1990. Isso inclui diversas obras do próprio Spielberg! Junte o fato de Ernest Cline ter sido co-roteirista e temos quase um círculo de amigos e co-fãs. O filme se resume em uma busca por três chaves. Onde os protagonistas batizados de “Os Cinco do Topo” (High Five, no original) disputam o pódio com a companhia IOI e seu comandante, Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn). Entretanto, a forma como esse enredo simples é contado torna a experiência bem carismática e interessante. A ação é bem encaixada com a história e as justificativas para que tudo ali ocorra são bem estabelecidas.

Enredo simples e carismático

Um enredo simples nem sempre é algo negativo para um filme. Se observarmos a maior parte da filmografia de Spielberg, veremos que seus melhores longas são os com trama mais simples. Em Jogador Nº 1, acompanhamos a história de Wade Watts/Parzival (Tye Sheridan), um jovem que vive no subúrbio da cidade de Columbus em 2045. Nesse mundo, a sociedade e a cultura foram praticamente engolidos por um jogo online chamado de OASIS. Este jogo é o centro de praticamente toda a ação do filme, onde qualquer pessoa pode ser quem quiser. Tudo começa quando o criador e dono do jogo, James Halliday/Anorak (Mark Rylance), morre.  Em um vídeo o personagem muito caricato explica que escondeu três chaves do imensurável mundo do jogo. Essas chaves seriam o caminho para encontrar o seu easter-egg. Até aí tudo bem. Mas o segredo era: quem encotrasse as três chaves e alcançasse o easter-egg de Halliday seria oficialmente o seu herdeiro. Isso significa ser dono de todo o OASIS e ter uma fortuna de mais de 30 bilhões de dólares. Isso gera uma corrida contra o tempo para todos alcançarem a chave.  Onde também conhecemos a companhia IOI, que pretende ganhar a competição e ter todos os direitos sobre o jogo. O objetivo da companhia é privatizá-lo das formas mais abusivas possíveis, o que mesmo sendo clichê, é lógico. Mesmo com uma introdução um pouco maçante, a história engata e as diversas mensagens do filme começam a ser apreendidas de forma instintiva.

Efeitos especiais de tirar o fôlego

Não é todo dia que podemos ver o mestre dos efeitos especiais da década de 90 trabalhando com a mais avançada tecnologia de capitação de movimento em pleno 2018. Com isso temos um excelente filme para ser ver em 3D e na maior tela possível. Isso pelo fato de que som e imagem são trabalhados de forma excelente em Jogador Nº 1. A estética diferenciada faz com que os personagens bizarros causem estranhamento no início. Mas logo nos acostumamos com eles e uma inversão é feita com o mundo real. O cuidado com os efeitos e a fotografia do filme é tão interessante e detalhada que agrega mais à experiência. O próprio mundo real não tem tantos efeitos 3D, por exemplo. Já as cenas dentro do OASIS, em contrapartida, são recheadas de efeitos especias belíssimos. As cenas de ação são outro ponto muito positivo no filme. Muito bem elaboradas e cheias de detalhes a perder de vista, estas cenas estão longe de serem confusas. Mesmo batalhas de escalas grandiosas podem ser entendidas muito bem com jogos de câmera excelentes e movimentações bem trabalhadas.

Nostalgia e easter-eggs no lugar certo

Um dos maiores riscos de se fazer uma obra recheada de nostalgia e referências é fazer uma trama que não tenha esses elementos como muletas. Entretanto, Jogador Nº1 consegue fazer isso muito bem. Isso se deve ao fato de que a sensação de nostalgia é atribuída a elementos estéticos e à trilha sonora apenas. Ao mesmo tempo, os famosos easter-eggs estão no seu devido lugar dentro do longa. O lugar das menções e referências são nos cantos da tela, para que os mais antenados pesquem, mas sem atrapalhar a experiência de quem está ali só para curtir um filme. E isso, podemos afirmar com prazer, que Jogador Nº 1 faz muito bem. A nostalgia tem o seu lugar, bem como as diversas referências à cultura pop antiga e nova. Entretanto, isso está no canto da tela, como pano de fundo para o desenrolar da história, não como holofote forçado para tudo ocorrer.

O bom e velho Spielberg de volta

Jogador Nº 1 está longe de ser uma obra-prima do cinema, mas isso não impede o filme de ser muito bom. Isso porque a combinação entre diversos elementos velhos e novos faz com que a tecnologia sirva de forma ideal aqui. Dentro disso, a nostalgia tem seu peso e seu lugar, com referências muito bem colocadas. Mesmo que a trilha sonora deixe um pouco a desejar em momentos de clímax, a ação bem construída, os personagens carismáticos e o enredo simples e bem amarrado fazem de Jogador Nº 1 uma ótima experiência. Quem leu o livro de Ernest Cline vai encontrar uma obra honesta que fez modificações aceitáveis para uma adaptação. Já quem não leu, terá aqui uma excelente apresentação do universo do livro, e até um convite para lê-lo. De uma forma ou de outra, Jogador Nº 1 traz o velho e sonhador Spielberg de volta. As crianças do final do século XX vibram nos adultos que hoje se emocionam ao ver o Gigante de Aço ou um Gundam na tela. Ao mesmo tempo em que as crianças atuais também vão adorar as referências a Minecraft ou Overwatch. De um jeito ou de outro, o filme é proveitoso e muito divertido. Que Spielberg volte a fazer pérolas como essa mais vezes.

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