Uma das características que mais chamou a atenção diz respeito ao seu uso em situações de combate. De acordo com os engenheiros responsáveis pelo “pet”, o cão-robô pode ainda atirar foguetes com precisão, identificar alvos, realizar patrulhas e transportar armas e munições. Entre as atividades civis, a máquina da Intellect Machine é capaz de realizar trabalhos em zonas de emergência e ajudar socorristas a realizar reconhecimento, encontrar caminhos entre escombros ou entregar remédios a vítimas presas em locais que tenham sido afetados por fenômenos naturais ou conflitos armados, por exemplo. Nas redes sociais, alguns vídeos mostram o funcionando do dispositivo. Nas imagens, é possível ver que as pernas do robô podem dobrar, girar, realizar movimentos para trás e para frente, além de flexionar, de modo que ele pareça estar deitado no chão. Além disso, há câmeras no local onde seriam os olhos. Já nas suas costas, é possível notar um lança-foguetes RPG-26, capaz de interceptar e derrubar mísseis que estejam a uma certa distância. A Intellect Machine informou que o protótipo apresentado na exposição foi construído principalmente com componentes e tecnologia chinesa, e custa o equivalente a R$ 81,5 milhões. A empresa diz que espera lançar em breve a produção desses robôs na Rússia.
Protótipo duvidoso
Coberto por uma espécie de roupa tática preta, a origem do robô passou a ser questionada por alguns usuários na internet. O que levantou suspeitas sobre a real origem do M-81 foram os sensores ópticos na parte frontal do robô, justamente a única peça que não aparece encoberta pelo traje ninja. Segundo especialistas, o “uniforme” foi utilizado para disfarçar o que estaria debaixo da roupa: um robô chinês vendido no AliExpress por US$ 2.924 (cerca de R$ 15.000 na cotação atual). De fato, o robô russo tem uma semelhança impressionante com o UnitreeYushuTechnologyDog (Unitree Go1) da Unitree Robotic. Sendo assim, parece bastante claro que o robô não foi projetado pelo fabricante russo que o exibiu na exposição “Exército 2022”, muito menos possui algum nível militar de qualquer tipo, não sendo capaz de lançar mísseis, muito menos participar de conflitos armados. Após a repercussão, a Intellect Machine admitiu que usou o cão-robô chinês durante a apresentação na feira militar de Moscou. Porém, a empresa afirmou que o M-81 é apenas um protótipo e que, num futuro próximo, seria fabricado inteiramente no país russo. A imprensa norte-americana também foi em busca do Departamento de Defesa da Rússia, para que o órgão pudesse comentar sobre as semelhanças entre os robôs. No entanto, a entidade não se pronunciou publicamente sobre o assunto até o momento. Ainda segundo os seus fabricantes, quando for lançado, o robô russo terá 58 cm de comprimento, pesando pouco mais de 12 kg e com capacidade para transportar cargas de até 10 kg. Por fim, ele contará ainda com cinco câmeras de profundidade, sistema de inteligência artificial (IA) e deverá alcançar uma velocidade de até 17 km/h.
Não é o primeiro
Apesar da novidade, mesmo que envolvida em polêmicas, o M-81 apresentado na capital russa não é o primeiro cão-robô criado para fins de segurança. A Guarda Nacional Aérea de Portland, nos Estados Unidos, também tem em seu arsenal um equipamento semelhante, usado desde o início do ano para “monitoramento e segurança”. A polícia da Flórida também possui um cão-robô chamado Spot, da Boston Dynamics. Ele é usado para fins de segurança pública e “em situações extraordinárias que envolvem risco às vidas de civis ou socorristas”. Outro caso recente que mostra um robô, que se assemelha a um cachorro, utilizando armas de grosso calibre, veio à tona quando um vídeo divulgado por Alexander Atamanov mostra a máquina atirando em alvos específicos, como se estivesse treinando a sua mira — você pode ver mais no Showmetech Trio de 25 de julho. No entanto, a solução é tida como caseira e não é regulamentada por qualquer órgão de segurança pública. Veja também: No mês de julho, o Showmetech TRIO também trouxe a história de outro robô, desta vez caseiro, que possuía uma submetralhadora acoplada em suas costas. Fontes: The Drive, Interesting Engineering, Forbes.
