Uma lenda além do tempo

The Legend of Zelda nasceu da mente de um homem: Shigeru Miyamoto. Ele é reconhecido também como o pai do Mario, da franquia Pikmin e muitos outros jogos. Após estourar imensamente com o lançamento de Super Mario Bros. no NES, Miyamoto queria fazer algo diferente. Por mais que adorasse a progressão lateral, ele queria algo aberto, voltado para a exploração, com novas possibilidades. O ano era 1985 e, naquele período, muitos jogos de RPG de computador já eram febre entre os entusiastas. A ação acontecia em um mundo aberto com a visão de cima, e muitos tinham como missão explorar cavernas e recolher itens. O combate, muitas das vezes, era em turnos, mas isso não era exatamente isso que Miyamoto queria. Ele queria que o jogador escolhesse quando atacar e quando fugir, e também almejava liberdade. Miyamoto desejava que o jogador escolhesse o seu próprio caminho e explorasse aquele mundo, enquanto descobria segredos em todos os lugares. E isso é basicamente o que sumariza a ação vista em The Legend of Zelda. Claro que, falando aqui, isso pode soar um tanto simplista, mas para a época em que ele foi criado, isso revolucionou a forma como os jogos eram desenvolvidos, e muitos clones surgiram. Um dos grandes feitos do game é o fato de ele ser o primeiro jogo de mundo aberto disponível para consoles. Outra coisa importante: quando o game foi lançado nos Estados Unidos, ele foi o primeiro a contar com baterias onde o jogador podia salvar seu progresso. Assim, a Nintendo havia conseguido, pelo segundo ano seguido, modificar as regras do jogo, primeiro com o Mario, depois com Zelda e com muitos títulos, como Metroid, Smash Bros e muitos outros. Ainda hoje, tudo o que tem o dedo da Big N recebe atenção. Miyamoto conseguiu montar ótimas equipes para suceder o seu trabalho, e sua participação hoje é mais como um consultor do que como um produtor ou diretor. O futuro da empresa está garantido. Isso pode ser visto na já citada sequência de The Legend of Zelda: Breath of the Wild, e também no spin-off Hyrule Warriors: Age of Calamity, que apesar de ser produzido por outra empresa, a Koei Tecmo, apresenta pontos importantes da história, mas com um estilo de jogo diferente do original. Zelda vai continuar entre nós ainda por muitos e muitos anos. A tendência é que vejamos sempre um ou dois jogos novos por geração de consoles, além de novas versões e remasters de títulos aclamados da franquia, mas que não possuem versões para os videogames atuais.

Um herói, uma princesa e um reino de aventuras

Em uma era de trevas e desespero, nascia o maior vilão de todos, Ganon. Ele cresceu odiando tudo e todos e queria ser o mais poderoso de todo o continente de Hyrule. Essa terra especial possui um artefato de extremo poder: a Triforce. Para alcançar o seu objetivo, Ganon partiu então em uma busca pelas três partes do poderoso item. Depois de muita procura, ele finalmente conseguiu conquistar uma das partes do artefato, se tornando então o dono da Triforce do Poder. Mas ele queria mais, então resolveu atacar o Reino de Hyrule; entretanto, ele não contava com a astúcia de Zelda, a princesa do castelo. Ela tinha posse de uma das partes do almejado item, a Triforce da Sabedoria, e o dividiu em 8 partes espalhadas por todo o continente. Ganon sequestrou a princesa e a levou para um local escondido, que somente poderia ser acessado por aqueles que fossem portadores da Triforce. Após o trágico incidente, Impa, criada de Zelda, fica com a missão de encontrar um herói e contar-lhe tudo o que aconteceu para que Hyrule fosse salva do caos. A criada parte então em uma busca desesperada para encontrar alguém que seja corajoso o suficiente para aquela árdua missão. Ela encontra o jovem espadachim Link, e implora para que ele salve o mundo e recupere a princesa. E, tocado pela história, ele parte em sua grandiosa missão: recuperar as 8 partes da Triforce, derrotar Ganon e salvar a Princesa Zelda. Então, Link parte pelo continente de Hyrule. Em sua jornada, ele descobre diversos segredos, desbrava cavernas e obtém diversos itens e penduricalhos que o ajudam em sua missão de salvar o mundo.

Link já teve muitas origens e mudou ao longo do tempo. No primeiro jogo, ele é basicamente um jovem que se encontrou por acaso com Impa, criada da Princesa Zelda, e recebeu a missão de salvar o mundo. Nos outros jogos, ficamos sabendo que Link é um Hyllian, uma raça muito comum em Hyrule e eles podem ser comparados com os elfos dos jogos de RPG. De acordo com o jogo, Link às vezes é um adulto, em outras uma criança, quase sempre um adolescente, mas sempre presente para salvar o mundo. Sua arma principal é uma espada e sua proteção é um escudo. Ambos podem ser atualizados e melhorados durante a jornada. Além disso, ele usa uma gama de outros itens para auxiliá-lo, como arcos e flechas, bombas, bumerangues, e muitos outros itens. Segundo a lenda de Hyrule, Link tem seu destino atrelado à Princesa Zelda, e a Ganon. Como dito anteriormente, o vilão se torna o portador da Triforce do Poder, enquanto a Princesa possui a parte da Sabedoria e, apesar de não ser dito, ficamos sabendo em outros jogos que Link é o portador da última parte, a Coragem. Diz a lenda que aquele que conseguir juntar as partes em total harmonia poderá ter um desejo realizado. Nosso herói Link é um protagonista silencioso, isto é, observamos e participamos da história pelo seu ponto de vista. Isso é feito para não alienar o jogador, não deixá-lo apenas como um apertador de botão, mas como parte influente da jornada. No primeiro jogo, quase nada nos é explicado, sendo que tudo está no manual que acompanha o game. Sua história e origens são explorados e atualizados a cada nova entrada na franquia. Por fim, de acordo com o livro Hyrule Historia, lançamento oficial da Nintendo e canônico, a primeira aventura de Link se encontra em uma linha do tempo onde o vilão Ganon venceu.

Princesa Zelda – A reencarnação da Deusa

A família real de Hyrule comanda o continente e muitos dizem que eles são descendentes da própria Deusa Hyllian. De acordo com a lenda, Din, Deusa do Poder, Nayru, Deusa da Sabedoria, e Farore, Deusa da Coragem, se juntaram e formaram o que viria a ser Hyrule. Então, quando tudo estava pronto, elas criaram um artefato que seria a representação do trio no mundo: a Triforce. Contudo, o artefato detinha um grande poder, e poderia causar problemas entre os mortais. Assim, as Três Deusas decidiram que a Deusa Hylia seria a portadora do poderoso item, e então partiram para seu descanso. Formava-se então uma nova era de prosperidade no continente. O destino, porém, pregou uma peça em Hylia. O continente foi atacado por uma ameaça maligna que praticamente destruiu toda a vida em Hyrule. Ela então se viu obrigada tomar algumas atitudes. Primeiro ela criou uma entidade, Fi, que teria a missão de guiar o herói que salvaria o mundo e, por fim, ela abriu mão do seu status de divindade e se tornou uma mortal, nascendo assim a primeira Princesa Zelda. Obviamente que nada disso é contado no primeiro game da franquia. Tudo o que sabemos é que ela era detentora da Triforce, a separou quando Ganon atacou e mandou Impa encontrar alguém para resolver o problema. A criada não aparece em momento algum da jornada, ficando relegada apenas ao manual do game. A Princesa Zelda tem um papel importante em praticamente todos os jogos principais da franquia, mas existem exceções. Dentre os 19 games já lançados, em apenas três deles, Link’s Awakening, Majora’s Mask, e Tri Force Heroes, ela não possui papel central na história.

Ganon – A aparição do Mal

Rei Demônio, essa alcunha define bem o que é Ganon, ou Ganondorf, em alguns jogos. Segundo a Lenda, ele é a própria reencarnação do ódio de Demise, criatura que surgiu em Hyrule e quase destruiu o mundo, fazendo com que Hylia tomasse certas atitudes para defender o seu amado povo. Ganon tem uma missão: dominar o mundo. Isso faz com que ele seja ressuscitado de tempos em tempos, seja pela ação de algum louco, ou através da destruição de algum selo. O demônio quase sempre tem em sua posse a Triforce do Poder, fazendo com que ele seja um grande desafio para o herói escolhido. Somente ele pode selá-lo novamente, porém, sempre retornando à Hyrule para cumprir o que está destinado a fazer. No decorrer dos jogos e anos, muita coisa mudou em sua origem, o que expandiu demais o universo e trouxe novos detalhes para sua história. Mas, apesar de tudo, Ganon continua sendo a figura maligna que toca o terror por onde passa. Originalmente, Ganon nasceu como um Gerudo, uma das raças de Hyrule. Sua tribo é formada majoritariamente por mulheres, e, segundo a lenda, um homem nasce a cada 100 anos, e está destinado a ser o líder do seu povo. Porém, Ganon não tem boa índole, o que o transforma em um pária. Ele então treina o máximo possível para se tornar o mago mais poderoso do mundo, e ataca a família real do continente, começando assim a jornada de Link em busca de sua destruição.

O mundo depois de Hyrule

A Princesa Zelda e o guerreiro Link são conhecidos atualmente em todo o mundo. O nome da princesa pode rivalizar até com Peach, a princesa que é sempre sequestrada nos jogos do Mario. A roupa verde de Link é sinônimo de grande heroísmo e sua marca registrada. Mesmo depois de 35 anos, todos nós esperamos que novos jogos sejam lançados, e quais segredos serão desvendados. Na época do lançamento original, para se ter uma ideia, a Nintendo pediu para que as revistas não fizessem detonados do game. Eles queriam incentivar que as pessoas explorassem o mundo e trocassem informações com outras pessoas sobre como passar certos desafios, ou descobrir segredos. Jogos como Ocarina of Time e Breath of the Wild são marcos de suas eras, já que eles praticamente reinventaram a forma como jogamos vídeo games. Ambos estão no hall dos melhores jogos da história, e a cada novo jogo uma parcela nova de fãs nasce e se apaixona pelas aventuras de Link. Basta olharmos para o mais recente lançamento da franquia, o spin-off Hyrule Warriors: Age of Calamity, que vem em um gênero pouco apreciado no ocidente, o musou (quando enfrentamos muitos inimigos fracos na tela até encontrar um chefão), e vendeu mais de 3 milhões e meio de cópias, número extremamente considerável. Ou então observarmos os grupos de speedrunners (pessoas que tentam sempre terminar os jogos no menor tempo possível). Eles ainda descobrem segredos, seja uma maneira mais rápida de resolver um quebra-cabeça ou como desviar de um chefão e ainda conseguir a recompensa. É quase como uma obra de arte ver do que essas pessoas são capazes. Existem muitas outras coisas a serem ditas sobre The Legend of Zelda. Há uma infinidade de assuntos que podem ser explorados, mas fugiriam do foco inicial deste texto, que é falar do jogo que deu origem a isso tudo. Se no mundo, hoje, existem diversas Zeldas espalhadas, como a filha do falecido ator Robin Willians, até a minha sobrinha, é tudo graças a este game. A Lenda de Zelda perdurará por muitos anos, e o atual marco de 35 anos é mais um ponto. A Nintendo deve preparar muitas surpresas para 2021, então nos resta aguardar e ver o que acontecerá. Fonte: Livro The Legend of Zelda: Hyrule Historia, Screen Rant

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