A Ubisoft cedeu ao Showmetech uma cópia digital para PS4 de Assassin’s Creed Odyssey para testes e, após algumas semanas de jogatina intensa e eletrizante, nós apresentamos a vocês uma análise completa desse game que levou além todos os elementos que fizeram seu antecessor um sucesso.

Jogo à grega

Assassin’s Creed Odyssey foi talvez a produção mais ambiciosa da Ubisoft para sua série mais famosa do mundo dos games. O jogo se passa na Grécia Antiga durante a Guerra do Peloponeso, um conflito entre as cidades de Atenas e Esparta que envolveu o mundo grego em sangue e batalhas por cerca de 30 anos (431 a 404 a.C.). O time de desenvolvedores e artistas precisou realizar uma densa pesquisa histórica e arqueológica para recriar o mundo grego com o maior nível de exatidão e fidelidade possível, da mesma forma que era mais de 400 anos antes de Cristo, uma vez que grande parte dos templos e monumentos não passa de entulho atualmente. O resultado é surpreendente, para dizer o mínimo. Prepare-se para visitar cidades como Atenas em toda sua glória, com a belíssima acrópole cheia de templos e estátuas gigantes para se admirar (como o Partenon e a estátua de Atena), ilhas repletas de monumentos e cidades cheias de vida que mostram a grandiosidade da civilizaçao grega em seu auge do desenvolvimento humano e tecnológico. O game possui o maior mapa que a série já viu. São mais de 250 km² de território! Para se ter uma ideia de como esse mapa é grande, o mapa do Egito em Assassin’s Creed Odyssey chegava a apenas 90 km²! São diversas ilhas e regiões que o jogador terá que visitar ao longo do game, cada uma com vilas, cidades, desafios e inimigos diferentes. O detalhamento gráfico dos cenários é absurdamente fantástico, desde o visual de personages, passando pelo elementos dos templos e construções até os animais e pessoas que interagem com o ambiente de forma dinâmica e mais viva do que nunca antes na série. Os jogadores mais atentos devem aproveitar o modo fotografia que a Ubisoft traz de volta de Origins e tirar várias fotos de sua jornada pelo mundo grego. Eu mesmo tenho uma pasta diversas imagens tiradas dos ângulos mais incríveis que se pode imaginar!

Heróis da Odisseia

Na questão de gameplay, o primeiro elemento que Odyssey traz de diferente é sua mecânica do personagem principal. Outro game da série, Assassin’s Creed Syndicate, já havia trabalhado com a ideia de dois protagonistas na história. Nesse caso, o jogador podia alternar a qualquer momento para jogar com um dos irmãos Frye, cada um com um conjunto de habilidades e características específicas. Dessa vez, a Ubisoft decidiu levar essa ideia mais para o lado do RPG, permitindo ao jogador escolher entre iniciar o game como o guerreiro Alexios ou a amazona Kassandra. Independente de qual personagem você escolha, grande parte da história irá se desenvolver da mesma forma (eu escolhi Alexios). O desenrolar da trama fica por conta das decisões que o jogador toma ao longo do game. Por esse motivo, o jogo possui cerca de 9 finais possíveis com cerca de 40 horas de campanha principal, então fique atento para as escolhas que você irá fazer enquanto está viajando pela Grécia. A mecânica das escolhas fica mais evidente ainda nas missões principais e secundárias do game, que receberam uma atenção especial. A série sempre foi conhecida mais por sua mecânica de combate do que a trama de suas missões. Porém, a Ubisoft está determinada em levar Assassin’s Creed para o território do RPG, por isso investiu em missões mais densas e complexas com tarefas diversificadas (nada do “faça algo e vá para aquele ponto do mapa”, que ocorria o tempo em outros games). As interações de seu personagem com NPCs são das mais variadas: você pode partir para um confronto, se apaixonar, ou apenas deixar uma pessoa triste de acordo com o tipo de resposta e ação que você toma ao longo da missão. Além disso, existem casos que você apenas pode subornar um personagem para poder completar uma missão. As escolhas são várias para o jogador, ou seja, quem já jogou o incrível The Witcher 3, vai se sentir em casa com o sistema de missões de Odyssey.

Pelo amor de Zeus!

Assim como outros elementos que a Ubisoft aproveitou e melhorou de Origins, o combate foi um deles. Em Odyssey, o nível de customização do personagem é muito maior. Não somente é possível equipar armas diferentes com características únicas, mas também é possível escolher diversos tipos de armaduras. A árvore de habilidades também sofreu algumas modificações. O jogador continua tendo a árvore do caçador (para habilidades com arcos e flechas), do guerreiro (para habilidades de armas e combate) e do assassino (para habilidades com furtividade). A diferença fica por conta de poder colocar diferentes quantidades de pontos em cada uma das habilidades e escolher quais serão utilizadas no combate. Dessa forma, o jogo fica muito similar aos clássicos RPGs em que você monta uma “build” para seu personagem, escolhendo desde suas armas, armadura e habilidades de forma a maximizar o dano que você inflige aos inimigos e o quanto de proteção você possui. E se você sentiu falta da clássica lâmina escondida dos assassinos, não se preocupe porque seu personagem vai utilizar a lâmina quebrada de Leônidas para realizar ataques furtivos. Quanto ao combate em si, não houveram muitas modificações do que já havíamos visto em Origins. O jogador precisa ficar atento aos movimentos de seu oponente e tentar evitar ao máximo enfrentar mais de um inimigo ao mesmo tempo, já que a IA utilizada em Odyssey é brutal e não irá dar descanso ao jogador. A principal diferença fica por conta de bloquear os ataques com sua arma principal e a lança, uma vez que seu personagem não utiliza escudos. Muitos estranharam essa decisão da Ubisoft de não usar escudos em combate, mas os desenvolvedores explicaram que houveram dois motivos para isso: primeiro que os mercenários da grécia antiga, em sua maioria, não carregavam escudos; segundo que o combate ficaria muito mais flexível dessa forma. Por esse motivo, o bom é investir em habilidades que lhe permitam mais rapidez de combate e equipamentos que lhe ofereçam uma boa proteção. Além disso, não se esqueça de visitar ferreiros e coletar itens como pedras preciosas para poder melhorar suas armas e armaduras. Você também pode gravar tipos de danos especiais em seus equipamentos, o que pode ser a diferença entre vida e morta em certas situações.

This is Sparta!

Falando em mercenários, fique muito atento a esse tipo de inimigo. Conforme você realiza ações com invadir fortes e matar tanto soldados espartanos ou atenienses (e até mesmo cidadãos comuns, mas sem querer), recompensas são colocadas em você e mercenários poderosos irão perseguí-lo. Lembre-se sempre de pagar as recompensas para evitar ser caçado por esses guerreiros que dão muita dor de cabeça por estarem sempre alguns níveis acima de você. O sistema de nivelamento foi outro aspecto modificado em Odyssey: agora os inimigos sobem de nível junto com você. Isso evita que você visite uma área inicial do game e mate combatentes com muita facilidade, tornando a experiência do jogo mais dinâmica. A melhor recomendação é evitar entrar em combate com inimigos de nível superior ou, se o jogo está muito complicado, tente diminuir a dificuldade dele no menu principal, já que é praticamente impossível derrotar um inimigo com nível superior ao seu. Outras duas novidades à jogabilidade de Odyssey foram as batalhas de disputas e o retorno das batalhas navais. Enquanto o primeiro tipo se trata de você enfraquecer o domínio de Atenas ou Esparta em uma região queimando suprimentos ou matando líderes para disparar uma batalha em campo, o segundo tipo é um velho conhecido da série para quem gostava das aventuras marítimas de Asssassin’s Creed IV: Black Flag. Nas batalhas de disputas você pode escolher se no confronto principal você irá ir para o combate de campo por Atenas ou Esparta. Porém, tenha em mente que lutar pela cidade que quer tomar a região será sempre mais difícil, porém lhe dará mais recompensas melhores. Já o combate naval não possui o nível de complexidade que existia em Black Flag (dada a antiguidade da tecnologia naval), mas mesmo assim é uma forma de divertida e desafiadora de cruzar os mares do mediterrâneo explorando novos territórios no Adrestia.

Presente de grego

Por último, mas não menos importante, precisamos falar sobre o enredo do game. Fãs da série vão estranhar que nós tenhamos deixado esse item por último, uma vez que a história sempre foi um dos (se não o) elementos principais de cada game, mas em Odyssey a trama ganha um papel de coadjuvante, deixando que o gameplay e as missões secundárias ganhem mais destaque. Porém, nem por isso ela deixa de ser interessante. Fica aqui o aviso que este trecho da análise contém spoilers sobre o game, então leia por sua conta e risco. A mais nova assassina do pedaço, Layla, retorna de suas aventuras no presente no Egito de Assassin’s Creed Origins em busca de artefatos Isu da Primeira Civilização, antes que os Templários ponham as mãos neles. É interessante que Layla agora seja a protagonista do presente na série, mas é uma pena que esses segmentos com ela tenham quase nenhum destaque no game, o que subdesenvolve uma parte da história. Basicamente, é a mesma trama principal que em todos os games da série (Assassinos vs Templários), só que sem a presença da irmandade dos Assassinos – que somente viria a nascer no Egito, anos mais tarde – e a Ordem dos Templários. Layla encontra a ponta da lança de Leônidas, um grande guerreiro de Esparta, junto de escritos do primeiro historiador do mundo, Heródoto. Com esses materiais ela consegue acessar as memórias de Alexios ou Kassandra para descobrir como o mundo grego entrou em contato com a tecnologia dos Isu. Ao revisitar as memórias dos personagens, se descobre que por serem descendentes de Leônidas e terem sangue Isu, tanto Alexios quanto Kassandra tiveram suas vidas arruinadas pelo Culto de Cosmos (um protótipo dos Templários), um grupo destinado a controlar o mundo grego, mesmo que fosse através da sangrenta Guerra do Peloponeso. Ao longo da jornada, o jogador precisa ajudar Layla a descobrir os mistérios que cercam a família de Alexios e Kassandra e derrotar todos os membros do Culto de Cosmos com ajuda de figuras históricas como o filósofo Sócrates ou o político grego Péricles . Além disso, prepare-se para enfrentar monstros mitológicos como o Minotauro, Medusa, Esfinge e Ciclope em batalhas épicas enquanto descobre os segredos de uma antiga cidade perdida no fundo do mar. Dividindo a história em segmentos distintos para os segredos da família do personagem, a caça aos membros do Culto de Cosmos e os mistérios da Primeira Civilização, a Ubisoft criou uma estrutura narrativa densa que permite ao jogador concluir a história da maneira que ele achar melhor. Acredite, mesmo depois de concluir as campanhas principais do game, existe um mundo inteiro ainda aguardando para ser explorado dentro do Animus.

O melhor de Assassin’s Creed

Como muitas séries de games, Assassin’s Creed é uma franquia que possui seus altos e baixos. Com o risco de permanecer em um modelo velho e engessado, a Ubisoft arriscou em modificar a fórmula da série em Origins. E deu certo. O sucesso foi tanto que a empresa sabia que seu “novo norte” para a franquia seria investir no aspecto RPG da forma como fizeram com Odyssey. Com uma campanha densa e repleto de novas aventuras para se descobrir na Grécia Antiga, o jogo ainda aguarda o lançamento de duas DLCs divididas em dois capítulos de três episódios cada, com lançamento do primeiro deles previsto para dezembro desse ano. Além disso, o passe de temporada de Odyssey garante ao jogador a oportunidade de jogar uma versão remasterizada de Assassin’s Creed III, que será lançado em março de 2019. Assassin’s Creed Odyssey é um game gigantesco, belo, e com personagens e histórias tão profundas e cativantes que certamente irão ficar na sua mente muito depois de você desligar o game. Com uma mecânica de combate sólida e um sistema de customização que incentiva o jogador a sempre explorar o mundo e se desafiar, o game comete alguns tropeços com bugs e alguns problemas de áudio, mas certamente é o auge da série em qualidade.

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