A franquia SaGa tem um sistema de combate e exploração similar a Final Fantasy. Por esse motivo também, o nome foi emprestado para que houvesse um maior apelo comercial, e assim garantir a venda de mais alguns cartuchos. Mas apesar de ser parecido, há muitas diferenças, principalmente entre os três jogos que fazem parte da coletânea.

Final Fantasy Legends I — A origem de tudo

O primeiro jogo da franquia SaGa foi lançado praticamente junto com o Game Boy, em 1989. Por esse motivo ele é o mais arcaico dos três títulos presentes. Não há, na introdução da jornada, nenhuma explicação dos motivos que estamos participando de uma aventura. Somente depois de conversar com alguns dos personagens que podemos ter algum tipo de noção. Ainda assim, nada é muito claro e confuso. As batalhas acontecem no clássico sistema de turnos, mas a maior dificuldade aqui é ganhar novos atributos para os heróis. Não há pontos de experiências ou níveis no jogo. Por exemplo, para ganharmos pontos de força ou magia, precisamos acertar os inimigos com armas ou então com golpes especiais. Isso pode afastar ou assustar um pouco os jogadores que não estiverem acostumados. Outro ponto de dificuldade é o aumento absurdo de dano causado pelos inimigos na segunda parte do game. No começo, os adversários causavam entre 5 e 10 pontos, mas isso aumentou para mais de 30 na segunda parte. Então era muito comum morrer com apenas dois ou três golpes. E para dificultar ainda mais, cada um dos nossos heróis têm até três corações. Isto é, eles podem ser abatidos e ressuscitados até 3 vezes. Ou seja, manejar o número de vezes que somos abatidos é essencial. Podemos ainda comer umas “carnes” com algumas das classes disponíveis no game. Elas mudam a aparência e os poderes e habilidades dos personagens. E isso também deve ser controlado, já que eventualmente podemos nos tornar criaturas que não são tão fortes, e isso pode prejudicar totalmente o desenrolar da aventura. Visualmente falando, por ter sido lançado praticamente junto com o Game Boy, os gráficos são simples e até pobres, mas conseguem transmitir a sensação necessária. Um dos pontos altos do game é a trilha sonora, que foi composta pelo lendário compositor Nobuo Uematsu, mundialmente famoso pelo seu trabalho em Final Fantasy. No geral, o primeiro jogo é um experimento. Ele procura ir contra tudo o que Final Fantasy propôs dois anos antes, mas ao mesmo tempo sem perder a mesma origem. Se o jogador souber manejar bem todas as informações e adquirir novas habilidades e subir muitos atributos, será uma verdadeira jornada heroica.

Final Fantasy Legends II — A franquia toma forma

O segundo game da franquia foi lançado no ano seguinte do título anterior, em 1990, e já é possível ver uma melhora brutal. A história agora está mais clara e com objetivos específicos para serem seguidos. Além disso, tanto a trilha sonora quanto a parte gráfica melhoraram significativamente. A jornada consiste em uma busca pelo pai do personagem principal com seus amigos. Obviamente que há muitas outras coisas a se fazer e a descobrir, mas não quero entrar em detalhes para não estragar a experiência de ninguém com o game. Ao compararmos com o primeiro game, o sistema de corações foi abolido, ou seja, não perdemos nosso personagem depois de três mortes. Porém, o sistema de atributos continua o mesmo — isto é, quanto mais batemos ou apanhamos que conta na hora de ganhar os pontos. Com relação ao combate, não há nenhuma mudança significativa. O jogador precisa monitorar e controlar os itens que possui, pois o espaço é limitado. Aqui ainda é possível alterar personagens comendo “carnes” durante a jornada. Ou seja, isso também deve ser manejado pelo jogador, já que cada um deles tem habilidades diferentes, e isso pode influenciar a continuidade da aventura. Na composição das músicas, Nobuo Uematsu retornou e compartilhou a área com Kenji Ito, sendo que esse foi o primeiro trabalho dele com a trilha sonora de games. As canções continuam bem feitas e mais uma vez espantam com a sua qualidade, principalmente por se tratar do Game Boy. Ito depois trabalhou em uma série de outros jogos da franquia SaGa. Final Fantasy Legends II é extremamente superior ao primeiro. No geral, o game é mais equilibrado e divertido. A história é envolvente e viajar entre os mundos é um toque peculiar, principalmente dado a época em que ele foi criado. Para os amantes do RPG japonês, a aventura é quase que obrigatória.

Final Fantasy Legends III — O suprassumo da coletânea

Ápice. Essa palavra define bem Final Fantasy Legends III. Ele aperfeiçoa todos elementos do game anterior, sendo o melhor dos três disponíveis na coletânea. Esse foi o primeiro game da franquia SaGa onde Akitoshi Kawaza não teve nenhuma participação, pode ser que esse seja o motivo das mudanças vistas na estrutura do jogo. A trilha sonora agora fica a cargo de Ryuji Sasai e Chihiro Fujioka, e também é bastante inspirada. A história do game brinca com a viagem no tempo. Sem entrar em muitos detalhes, nossos heróis precisam passar por eras diferentes para conseguirem salvar o mundo da destruição. Dentre os três jogos, ele possui, com certeza, a jornada mais sólida de todas. O combate continua o mesmo, mas agora para conseguirmos magias é necessário comprá-las em lojas. Ou seja, podemos concentrar habilidades em certos personagens, de acordo com nossa necessidade. Esqueça aquela história de ganhar pontos de vida ao tomar pancadas dos inimigos, agora o clássico sistema de pontos de experiência finalmente deu as caras. Isso deixou o game mais equilibrado e divertido. Além disso, agora é possível utilizar as “carnes” ditas anteriormente para alterar os atributos dos personagens principais, além da possibilidade de os transformá-los em robôs. Resumindo, é possível montar a equipe da maneira que o jogador desejar. No geral Final Fantasy Legends III é um dos mais sólidos jogos já feitos na história. Com uma história divertida e um sistema de combate bem feito, só ele já faria com que a coletânea valesse a pena. Outra coisa, é muito bacana de se ver a evolução da franquia nos três jogos, é praticamente como ver a passagem do tempo.

O início de uma SaGa

Collection of SaGa Final Fantasy Legends (19,99 dólares na Nintendo eShop, cerca de R$ 103) tem um valor histórico muito grande. Foi aqui que nasceu uma das maiores franquias da Square Enix, e diversos jogos estão sendo lançados nos últimos anos. Cada um deles possui sua própria particularidade e contribuição para o desenvolvimento do RPG japonês. A falta de uma tradução para o português pode afastar alguns fãs, mas com um pouco de insistência, é possível apreciá-lo ao máximo. Cada um dos três jogos da coletânea tem seus pontos altos e baixos. Para mim, o terceiro foi o que mais me motivou a jogar, e o primeiro foi o mais arrastado. A Square Enix prometeu que iria lançar todo o seu catálogo de jogos para as gerações atuais de consoles, e essa coletânea faz parte desse plano. Se os demais lançamentos vierem com o mesmo esmero, os fãs da empresa podem esperar grandes coisas. Particularmente, estou bastante ansioso e, principalmente, por conta do lançamento de SaGa Frontier em 2021.

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